WARM Festival Sarajevo: repórteres, cineastas e artistas no combate pela verdade – Maria João Carvalho, Euronews

WARM Festival Sarajevo: repórteres, cineastas e artistas no combate pela verdade

Por Maria João Carvalho

 

08/07 17:18 CET

 

Sarajevo, símbolo da resistência durante o maior cerco da história contemporânea da Europa (1992/1996), tornou-se o ponto de encontro de todos os que informam, documentam e perspetivam os conflitos atuais (nomeadamente a Síria e a Ucrânia), no âmbito do Festival da Fundação Warm.

 

Vildana viveu o assédio permanente na redação do galardoado Oslobodenje, o jornal que chegava diariamente à porta dos habitantes; os obuses entravam pelas casas adentro.

 

Vildana Selimbegovic, editora-chefe do Oslobodenje:

– Durante mil e alguns dias do cerco de Sarajevo, o Oslobodenje saiu todos os dias, apesar de estarmos todos na linha da frente. A impressora e a redação do jornal trabalharam, o que quer dizer que o Oslobodenje chegava a casa dos leitores. O mais interessante é que chegava a todo o planeta.

 

Integrada por artistas, repórteres, jornalistas, cineastas, ativistas e investigadores, a WARM continua fiel à ideia inicial: colaborar na defesa dos direitos humanos e alertar para as consequências da manipulação das fontes nos conflitos armados.

Reconstruir a vida numa estado de vigilância permanente é uma vocação que molda os espíritos desde a guerra.

 

Suada Kapic digitalizou os documentos dos quatro anos de cerco e criou uma plataforma, o Museu Virtual, com cerca de 8000 exposições de material da coleção FAMA. Recebeu-nos na antiga terra de ninguém, “No man’s land”, no filme, onde ninguém passava sem arriscar a vida.

 

Suada Kapic:

– Passei quatro anos a observar e a aprender o que é exatamente uma catástrofe, como se pode sobreviver em condições impossíveis: 24 horas de tiroteios, 24 horas a fugir dos atiradores furtivos, sem água, eletricidade normalidade, sem escolas , instituições, nada….como se podem passar quatro anos de vida, fazendo coisas das mais incríveis maneiras. Os cidadãos de sarajevo provaram um talento extremo na arte da sobrevivência.

 

Esad Gotovusa tem esse talento. Chefe dos serviços técnicos da televisão bósnia, montou uma unidade móvel na sua própria carrinha para percorrer Sarajevo e improvisou um estúdio numa cave com material de equipas estrangeiras, Conseguiu emitir o sinal da televisão nas frequências da rádio, pois os emissores estavam quase todos destruídos.

 

Esad Gotovusa:

– Era uma situação muito complexa, fizémos tudo com equipamento analógico, gravávamos, montávamos e regressávamos todos os dias.

 

O certame audiovisual e artístico prevê ampliar a programação mantendo sempre o objetivo de contar as histórias de guerra com excelência e integridade.

 

Rémy Ourdan, presidente da Fundação WARM (War Art Report Memories) e repórter do jornali Le Monde):

– Somos especialistas em guerra, mas queremos abrir a porta a toda a gente. Criámos isto com os cidadãos de sarajevo e com repórtes…agora estamos abertos aos artistas, aos académicos… a ideia é verdadeiramente estar aberto a todos os pontos de vista, é um combate pela verdade.

 

http://pt.euronews.com/2015/07/08/warm-festival-sarajevo-reporteres-cineastas-e-artistas-no-combate-pela-verdade/

 

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